Tive o privilégio de visitar o Le Pin, no Pomerol, em Bordeaux. Um dos vinhos mais raros e caros do mundo, de história jovem e estilo único! Fui recebido por um dos proprietários, Alexander Thienpont, que cuida do Le Pin no dia a dia.
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HISTÓRIA “O Pinheiro” (Le Pin), foi como Jacques Thienpont, acionista majoritário, batizou sua nova propriedade, adquirida em 1979. O nome vem da árvore solitária que faz sombra a pequena casa, no terreno de apenas 1,6 hectares que esta família de negociantes belgas comprou da viúva Loubie. Entre 1924 e 1978 a família Loubie vendia suas uvas para elaboração de Pomerol genérico. Thienpont, acreditando no potencial daquele solo, pagou um milhão de francos pela propriedade (bem mais do que aparentemente valia na época), e reformou toda a estrutura, além de nos anos seguintes anexar novas parcelas para formar os 2,3 hectares atuais.
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A primeira safra do Le Pin, 1979, foi feita com barricas descartadas pelo vizinho Vieux Chateau Certan (também propriedade da família Thienpont). A produção foi ínfima (muitas das vinhas havia sido replantadas naquele ano e ainda não produziam) e vendida a preço de banana. Cada garrafa de Le Pin 1979 era vendida na época por algo em torno de US$ 20. Hoje uma única garrafa de Le Pin 1982 sai no Mercado internacional por algo entre US$ 10 mil, se puder ser achada (e com risco falsificações). Esta escalada de preços (e de fama) começou justamente na safra 1982, quando o crítico de vinhos mais influente da história, Robert Parker, “descobriu” o Le Pin e lhe concedeu a nota máxima: 100 pontos. De um vinho pouco conhecido, mesmo dentro de Bordeaux, o Le Passou a objeto de desejo de colecionadores em todo o planeta.
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Tive a sorte de provar o Le Pin 1982 em 2016 e de fato é espetacular. Na prova que participei com 300 vinhos de Bordeaux 1982 o Le Pin foi escolhido o melhor.
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O estilo do Le Pin é algo único, unindo a pureza dos melhores Pomerol com a concentração, extração e madeira nova dos vinhos modernos do Novo Mundo. O resultado é um vinho incomum e indiscreto, potente no nariz e boca, com um perfil aromático descrito como exótico e de textura opulenta
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OBS: o Le Pin não chega a ser um Château (castelo), é apenas uma casinha, mas seguindo a tradição da região, muitas vezes é chamado de Château. No GPS do meu carro por exemplo, eu não achava o Le Pin, até que coloque Château Le Pin...
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COMO É FEITO O LE PIN
Os 2,3 hectares do Le Pin são de solo de cascalho com argila e depósitos de óxido de ferro (como no seu maior concorrente, o Pétrus), plantados com cerca de 90% Merlot de 10% Cabernet Franc (embora o Le Pin seja 100% Merlot). As vinhas, plantadas com densidade de 6 mil pés por hectare, tem em média 35 anos, com algumas vinhas mais antigas de 60-70 anos. A produção fica em torno de apenas 8 mil garrafas ao ano. Para os padrões de Bordeaux isso é uma gota! Para se ter uma ideia o Pétrus faz quase 50 mil e o Lafite chega a 350 mil garrafas ao ano. Os rendimentos, baixíssimos, ficam entre 30-35 hectolitros/hectare, fermentação em inox, malolática em barrica onde fica 14-18 meses.
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LE PIN 2018
100% de Merlot, 18 meses em barricas novas. Aroma exuberante, muito aberto e rico, cheio de finesse, frutas negras bem delineadas, flores secas, chocolate, especiarias, terra, alcaçuz, tabaco, ervas. Paladar com bom corpo, bem proporcionado, firme e macio, taninos doces e finíssimos, ótima acidez, cheio de frescor, complexidade e elegância, 14,5% de álcool. Incrivelmente expressivo e pronto, aos 3 anos de idade, sua 1ª infância, mas com estrutura para longa guarda.
Nota 97
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LE PIN 2020
Amostra de barrica. Cor rubi violácea muito escura. Aroma concentrado, muito puro, cassis, amoras, madeira, violetas, chocolate, especiarias doces, baunilha, alcaçuz, mineral terroso. Paladar estruturado, concentrado, um canhão cheio de elegância, muitos taninos, finíssimos, ótima acidez, grande profundidade, extremamente longo. Impressiona união de potência, pureza e elegância, e pela perfeita integração e equilíbrio (raro em uma amostra de barrica). Um grande vinho, para esperar alguma anos para abrir e que pode ser guardado por muitas décadas.
NOTA 100
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Já publiquei uma vertical de Le Pin, neste link:
http://www.marcelocopello.com/post/le-pin-um-vinho-de-culto
