Segundo o premiado livro “Uma História da Vodca” (editora Ática), do historiador russo W. V. Polkhlióbkin, a vodca “deve ser tomada pura, já não é mais vodca se acrescentarmos gelo, limão etc, aí se torna um coquetel, exige o acompanhamento de comida, abundante, picante, defumada e gordurosa. Não tem a menor pretensão de ser atraente, de agradar. Não deve ter gosto nem cheiro particular. Sua classe está na sensação de pureza e em seu poder de penetração, que atinge a garganta, a cabeça e vai direto ao coração. É uma bebida para pessoas de vontade forte”.
Na aulinha de hoje: como degustar uma boa vodca. O passo a passo realizar esta tarefa como manda a cartilha é simples:
1) Gele a garrafa em um congelador ou freezer. A bebida não se congelará, por alto teor alcoólico, e adquirirá uma textura cremosa.
2) Sirva uma dose em um copo adequado. Eu prefiro os copos pequenos para degustação de destilados, ou uma taça de vinho do tipo ISO. Copos de tipo “shot” também são muito bons
3) Examine a aparência, sua limpidez, cor, ou ausência de cor. Nem toda Vodca é completamente transparente, algumas tem reflexos de diferentes cores, que indica menos pureza.
4) Aproxime o recipiente do nariz para avaliar seus aromas, que podem ser frutados ou lembrar minerais, flores ou especiarias.
5) Coloque um gole na boca e deixe o líquido passear pelo palato. Sua textura deverá ser macia e não “queimar” a língua. Alguns exemplares de menor qualidade podem ter textura mais áspera e as vezes granulada, arenosa.
6) Muitos dos aromas também aparecerão na boca, já que o líquido se aquece na boca e libera muitos odores. Delicie-se com eles, pois serão aromas mais intensos e diferentes dos encontrados no nariz
6) Beba este gole e verifique o fim de boca. Esta parte é muito importante, pois muitas das qualidades e características da bebida se mostraram neste momento, como sabores, aromas e a pureza de seu final. As melhores vodcas deixaram a boca limpa e fresca, as de melhor qualidade poderão apresentar amargores.
VOCDAS DEGUSTADAS
Avaliei as cegas quatro vodcas, todas servidas puras e a temperatura inicial de -5oC.
Smirnoff,
Origem: Brasil
Matéria prima: milho (principalmente).
A única com teor alcoólico abaixo de 40%, com 37,5%. Também a única com alguma cor, um leve reflexo amarelado, bem pálido. Na boca mostrou um leve sabor de destilados de outras frutas, com um pequeno amargor no fim de boca, lembrando cascas de frutas. Um toque de doçura, mais do que mera maciez, também se fez presente.
Cîroc
Origem: França.
Matéria prima: 100% uvas.
A mais perfumada com ótimo ataque aromático, sugerindo frutos doces e flores. No palato é muito cremosa com final de boca lembrando cascas de tangerina. Foi logo identificada na prova às cegas
Absolut,
Origem: Suécia
Matéria prima: 100% trigo.
Sem cor, sem aromas no nariz. No paladar dá a sensação de leveza, limpeza e equilíbrio. Alguns aromas aparecem depois do líquido aquecido no palato, como flores e um toque mineral.
Belvedere
Origem: Polônia.
Matéria prima: 100% centeio.
Sem cor ou aromas no nariz. No paladar tem textura muito elegante, suave e bem equilibrada. Alguns aromas aparecem depois do líquido aquecido no palato, como baunilha e toques minerais.
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