Por Marcelo Copello
O ano de 2020 havia começado com perspectiva positiva. O boletim Focus, do Banco Central, apontava um crescimento de 2,3% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2020 (a maior taxa desde 2013).
Em março deste ano, porém, a pandemia causada pelo coronavírus, levou os governos de diversos estados brasileiros decretaram o fechamento de quase todos os negócios, mantendo abertos apenas os serviços essenciais. Restaurantes, bares, hotéis e outras empresas on-trade foram fechadas, ficando sem receber público, operando apenas com delivery e take away.
O mercado brasileiro do vinho vem crescendo em volume initerruptamente há mais de 20 anos. Estamos começando uma crise sem precedentes, mas temos a esperança que mesmo assim o consumo se mantenha, como foi na crise de 2014, ano em que tivemos um PIB negativo, mas o volume de consumo de vinho aumentou.
O questionário a seguir, respondido por 1.000 pessoas, complementa entrevistas com diversos players do trade e muitos consumidores, para tirar um retrato do mercado brasileiro neste momento. Ao final apresentamos uma breve análise e conclusões.
A PESQUISA - como foi feita
Esta pesquisa foi realizada entre os dias 18 e 22 de abril, entre os seguidores das redes sociais de Marcelo Copello – cerca de 24 mil no Instagram e 62 mil Facebook. A pesquisa também foi disseminada no WhatsApp. O perfil dos participantes é de pessoas já envolvidas com vinho, em sua maioria entre 25 e 55 anos de idade, com ligeira maioria do sexo masculino.
As respostas chegaram 70% no dia 18, dia da postagem, e encerraram-se automaticamente ao atingir 1.000 mil repostas no dia 22.
DATA: 18 a 22 de abril
Participantes: 1.000 pessoas
Localização: 24 estados brasileiros representados
Perfil: consumidores já com algum envolvimento com vinho
Gênero: 60% homens, 40% mulheres
Análise e conclusões
A pesquisa aponta claramente para um aumento do consumo, com 67% das respostas declarando um aumento entre 30% a 60%. O dado confere com as importações, que tiveram no primeiro trimestre do ano um crescimento de 15,4% em relação a 2019, mesmo com dólar alto. Os vinhos brasileiros tiveram aumento de 8,9% em sua comercialização no trimestre
No que diz respeito às preferências de consumo (tipo, casta e país), a pandemia parece não ter mudado o gosto do brasileiro. Manteve-se a preferência por tintos, por Chile e por Cabernet Sauvignon.
Na pergunta sobre compra, a maioria responde que tem comprado mais (57%), mas este percentual está abaixo dos que declaram consumir mais (67%). A explicação, confirmada em várias entrevistas, é que os consumidores estão baixando seus estoques caseiros – consumindo mais que comprando.
No que se refere ao canal de compra, a liderança, como antes do COVID-19, continua sendo das grandes redes varejistas, que embora não revelem números, reportam ter crescimento de dois dígitos no período.
A pesquisa mostra ainda um grande crescimento do E-Commerce, que normalmente responderia por 10% das vendas e na pesquisa chegou a 35%. O dado confere com números das principais .COM brasileiras de vinho, que reportam crescimento de cerca de 50%. Importante observar que neste crescimento do e-commerce há uma fatia importante de novos consumidores, que nunca haviam comprado vinho on-line - uma porta foi aberta.
Outro canal emergente é o das vendas diretas via WhatsApp, que registrou 23% na pesquisa. Este “corpo a corpo” digital tem se mostrado muito efetivo durante a quarentena.
Um canal que neste momento está em grande dificuldade é HORECA (hotéis, restaurantes, bares), o principal para muitas empresas. Este canal que normalmente responde por cerca de 10% de todo o vinho consumido no país está totalmente parado no momento. Segundo Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas) queda de 52% do faturamento do setor. Entre as empresas, 40% relataram retração nas vendas depois do isolamento social.
Perguntados sobre o futuro próximo, a maioria disse que pretende manter o atual consumo. Achamos, contudo, que é precipitado tirar conclusões sobre isso, já que a primeira fase de quarentena pode levar a uma euforia de consumo, que pode depois pode se retrair.
O mercado do vinho no Brasil é resiliente em crises e tende a não sofrer retração em volume. As mudanças, contudo, são profundas, principalmente nos canais de venda e nas ocasiões de consumo. A mudança é radical e grandes oportunidades podem surgir!
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