Complementando a entrevista com Pedro Hermeto, presidente da ABRASEL Rio de Janeiro, publico as respostas de Fernando Blower, presidente do SINDIRIO e proprietário do restaurante Meza Bar
Marcelo Copello-Qual a situação no momento, dos restaurantes e bares do Rio de Janeiro em meio a crise do Covid-19?
Fernando Blower - A pior possível, muitos estão fechados e outros estão com uma operação no limite, fazendo delivery para tentar pagar uma parte das contas. Os únicos que não foram tão afetados são os que foram criados originalmente e exclusivamente como delivery. Mas os que tem salão tem uma estrutura de custos que o delivery sozinho não banca, por mais que corte uma série de coisas, ainda assim é um paliativo. Então para muitas, 100 % da receita desapareceu e para outras de 60 a 80%. E ainda viemos de 3 anos de crise onde as empresas não tinham um capital de giro para aguentar muito tempo. Quem tinha só aguenta no máximo 1 mês de folha de pagamento. Depois disso acabou, é moratória geral.
MC-Como o SINDRIO vê o fechamento dos Bares e Restaurantes? Alguma proposta da entidade para este momento?
FB-No primeiro momento o SindRio atuou muito fortemente junto ao Governo do Estado e Prefeitura para garantir a manutenção da abertura dos negócios pelo menos em parte. Então com o Governo do Estado conseguimos manter pelo menos 30% do salão, delivery, take away e drive-thru. E no segundo momento começamos a atacar questões trabalhistas de flexibilização. Então somos a primeira categoria do Brasil, que temos notícia, a celebrar convenções coletivas com sindicatos laborais flexibilizando normas trabalhistas. Fechamos com os três sindicatos que tratam da nossa categoria. Com isso flexibilizamos questões como férias, parcelamento de rescisão, férias coletivas, uma série de coisas. Bastante coisa para dar um fôlego para quem quer manter o emprego. O terceiro passo está sendo buscar parcerias comerciais que ajudassem nesse funcionamento de emergência. Fizemos parcerias com operadores de delivery, dentre outras coisas. E ainda o que estamos fazendo permanentemente é do nosso site ser um local de informações seguras e o que é fato para o setor, criamos o #PlantãoCoronavírus.
MC-O Governo está apoiando?
FB-O Governo deverá atuar em duas frentes. De um lado crédito emergencial para as empresas para que elas possam dar conta das suas obrigações mais básicas. Não pode, porém, ser o crédito padrão oferecido pelos bancos, pois ninguém vai passar na análise de crédito. O Governo também tem que entrar com um pagamento de salário mesmo. Não só dos desempregados, mas também dos ativos. Não dá pra mandar todos embora por falta de dinheiro. Isso vai desestabilizar todo o mercado na hora da retomada. Dando também insegurança para os próprios funcionários.
MC-E há planos para o futuro? Quando tudo isso passar?
FB-Sobre o futuro, sendo muito sincero, está muito cedo para sabermos o quanto seremos atingidos em todos as áreas. Mas será muito difícil essa recuperação. Algumas empresas provavelmente não conseguirão, mas isso vai depender muito do quanto o Governo vai ajudar com crédito, salário e também postergação, parcelamento e até eventualmente abono de impostos. Todo mundo precisa flexibilizar muito, pois todos vão perder muito, para a economia conseguir voltar. O restaurante é a ponta de uma cadeia muito mais extensa, e essa cadeia toda está sendo muito prejudicada e teremos que encontrar soluções pra isso.