Um assunto que está em foco em todo o mundo de BACO são os vinhos falsificados. Alguém aí já provou algum? Eu já tive nada menos que três "contatos imediatos" com este mundo paralelo. Relato aqui os três episódios:
Minha primeira experiência com vinhos falsos foi publicado em um de meus livros, Os Sabores do Douro e do Minho (editora Senac SP, 2009). Transcreverei do livro, no final deste texto.
O segundo caso aconteceu em Berlim-Alemanha há alguns anos. Eu estava em um bar e do cardápio constava Dom Pérignon vendido por taça a um preço incrivelmente bom. Pedi, é claro, e o famoso Champagne do monge estava irreconhecível. Como era by the glass pensei tratar-se de uma garrafa aberta há tempo demais. Reclamei com o garçom, que abriu uma nova garrafa ante meus olhos e confirmou minhas suspeitas. Aquilo não era Dom Pérignon nem para quem acredita em coelhinho da Páscoa ou pior, na Dilma.
A terceira experiência com um possível fake wine, foi há bem pouco tempo, na Borgonha. Eu estava no coração da região, em Nuits-Saint-Georges, e vi em uma loja um Meursault 1959 por um preço que cabia em meu bolso, ainda mais depois do desconto pedido e concedido. Embora desconfiado (francês não costuma dar desconto), a curiosidade foi maior que a prudência e naquela mesma noite o 1959 estava em minha taça. O vinho não tinha cor de 59, nem aromas de 59, nem paladar de 59, mas... não estava mal. De fato estava gostoso e parecia Meursault, mas poderia ser um bom 1999, quem sabe?
Ocorrência policial no Douro
(trecho do livro Os Sabores do Douro do Minho (Ed senac SP, 2009)
Em uma visita ao Douro ao parar em um bar para tomar um café, em frente famosa estação do Pinhão, observei algumas garrafas a venda no fundo do lugar. Tratava-se de nada menos que 3 garrafas de Porto Vintage Noval Nacional, das safras de 1960, 1964 e 1966. Estas garrafas não custam menos que 2 mil euros cada! Me fiz de ignorante, discretamente fotografei as mesmas e indaguei ao dono do local o preço. Ele me mostrou um recorte de alguma publicação mostrando que os vinhos eram realmente caros, mas que ele poderia me vender por 200 euros cada. Reclamei do preço e fui embora. Voltei ao local no dia seguinte com Rute Monteiro, da própria Quinta do Noval, incógnita. Ela observou as garrafas e anotou os números dos selos do IVDP. Imediatamente ligamos para o IVDP passamos as numerações dos selos que foram checadas e eram verdadeiras, mas haviam dois detalhes que delatavam a fraude... Primeiro, uma das garrafas estava com o selo carcomido, talvez propositalmente. E outra das garrafas tinha um “erro” que só mesmo alguém da própria quinta notaria: a design do rótulo dos vinhos da empresa mudou ao longo dos anos e a garrafa em questão, de uma safra antiga tinha seu rótulo (ao que tudo indica “copiado”) de uma safra mais recente, de cor diferente, letras diferentes etc. Imediatamente acionamos os fiscais do IVPD que foram ao local para tomar as providências legais.
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