Por Marcelo Copello
“Todo vinho seria Porto, se pudesse” Provérbio Português.
Em evento promovido pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), na cidade do Porto, tive o privilégio de participar da degustação "3 Centuries of Port" apresentada por Bento Amaral, chefe da Câmara de Provadores do IVDP. Provamos Portos de safras de 2011 até a distante 1840! Vejam minhas impressões sobre os vinhos que provei.
Este vinho tem safra estimada ente 1840 e 1860. Cor muito escura, quase marrom, oleosa, muito intenso no nariz e boca, com muitas especiarias, melaço, caramelo, madeiras,
com grande doçura (280 de açúcar) e acidez alta (7,6 gramas/litro em tartárico), absurdamente longo. Um canhão que deu seu tiro no século XIX e me acertou aqui hoje!
Nota: 100 pontos
Kopke Porto Colheita Branco 1935, Kopke
Engarrafado em 2015. Cor intensa, âmbar, brilhante. Aroma intenso, madeira aparece bem, notas de baunilha, geleia de damasco, mel, iodo. Paladar quase seco, muito intenso, rico, macio, largo, acidez refrescante, muito persistente, talvez o melhor Porto branco que já provei.
Nota: 99 pontos
Borges Porto Vintage 1935, Borges
1935 foi um ano clássico mas este exemplar me parece ter sido prejudicado por ser em meia-garrafa (375ml). Cor marrom, entre claro e escuro. Aroma de melaço, remédio, frutas cristalizadas. Paladar macio, doce, não parece um porto vintage, parece mais um Pedro Ximenez.
Nota: 90 pontos
Niepoort Porto Colheita 1952, Niepoort
Aroma com bastante evolução de garrafa (engarrafado em 1987), com notas oxidativas, de borracha, couro, chá, mel, caramelo. Paladar cheio, macio e com boa doçura, longo.
Nota: 94 pontos
Ferreira Porto Vintage 1952, Ferrreira
1952 não foi um ano de Vintage, mas sim de vinhos em geral mais simples. Cor clara, com muito evolução na cor e aroma, notas químicas de remédio, flores e frutas secas, figos secos, tabaco, mel, cedro. Paladar magro, delicado, macio, um pouco curto, agradável, já na descendente.
Nota: 88 pontos
Kopke Porto Colheita 1957, Kopke
De cor âmbar intensa, com reflexos alaranjados. Aroma delicado e complexo, com bom frescor, nota de remédio, resinas, muitas especiarias, sândalo, amêndoas. Paladar de boa concentração e doçura, muito longo e equilibrado.
Nota: 95 pontos
Dalva Porto Colhieta Branco 1963, Dalva
1963 foi um dos melhores da história para o Porto. Engarrafado em 2015, está com cor âmbar, brilhante. Aroma de frutas secas, madeiras, nozes, cítricos, pão torrado, resinas. Paladar com doçura discreta (130 gramas), acidez muito boa, equilíbrio excelente.
Nota: 94 pontos
Kopke Porto Colheita 1966, Kopke
De cor âmbar mais carregada. Aroma com notas de evolução, couro, iodo, muitas especiarias, noz pecam. Paladar concentrado, doçura aparece bem, denso, cremoso, boa profundidade, mais sério e poderoso.
Nota: 96 pontos
Poças Porto Colheita 1967, Poças Junior
Engarrafado em 2016. De cor bem clara, perece um Porto branco, Aroma mais delicado do que expressivo, com notas de mel, geleias, nozes, madeiras, pão, flores. Paladar com doçura bem notável, pois com acidez mais moderada.
Nota: 94 pontos
Andersen Porto Colheita 1968, Andersen
Andersen é especialista em Colheitas e apesar de 1968 ter sido um ano difícil, este vinho resultou muito bem. Engarrafado em 2015, está com cor âmbar, densa. Aroma rico e intenso, com evolução, notas de couro, notas químicas, madeiras velhas, mel, damasco seco, caramelo, cera, notas oxidativas. Paladar bastante doce mas com acidez firme para equilibrar, em um estilo mais intenso e rico que elegante, delicioso.
Nota: 96 pontos
Real Companhia Velha Porto Colheita 1977, Real Companhia Velha
Engarrafado em 2012, de cor bem clara. Aroma com evolução, mel, passas, nozes, Paladar com boa doçura, longo, acidez firme e bom equilíbrio. Um Colheita mais simples.
Nota: 91 pontos
Kopke Porto Colheita 1981, Kopke
De cor âmbar entre clara e escura. Aroma com muitas madeiras, carvalho, cedro, notas de baunilha, mel, amêndoas, caramelo. Paladar com doçura discreta, contida por ótima acidez, logo, final seco e elegante.
Nota: 94 pontos
Ramos Pinto Porto Vintage 1983, Adriano Ramos Pinto.
De uma garrafa Magnum. Ramos Pinto fez o melhor Vintage de 1983, já provei outras vezes e sempre consistente. Escuro, estre rubi e granada. Aroma rico, intenso, com notas de especiarias, madeiras, frutas secas e musgo. Paladar amplo, taninos aveludados, com bom frescor. Em um momento maravilhoso para consumo, mas com potencial para mais guarda.
Nota: 96 pontos
Fonseca Porto Vintage 1985, Fonseca Guimaraens
1985 foi um ano clássico para os Vintages. Cor jovial, rubi escuro ainda com matizes violáceas. Aroma um pouco fechado, com notas de ameixas, cedro, tabaco, passas, especiarias. Paladar poderoso, taninos e acidez presentes, parece muito mais jovem do que seus mais de 30 anos, irá muito longe.
Nota: 98 pontos
Cruz Porto Colheita 1985, Porto Cruz
Cor âmbar claro e brilhante. Aroma com notas oxidativas, madeiras, cedro, sândalo, geleias, damasco, sultanas. Paladar não muito doce para sua idade, alcoólico, acidez bem marcada, longo. Um colheita mais seco e sério, com muita personalidade.
Nota: 95 pontos
São Pedro das Águas Porto Colheita 1987, Quinta São Pedro das Águas,
1987 teve uma colheita precoce. Este foi engarrafado em 2016, De cor clara, brilhante, aroma elegante, com muito finesse, notas de nozes, avelãs, mel, nota química de evolução. Paladar com boa doçura, macio, final longo e rico.
Nota: 93 pontos
Noval Porto Vintage Nacional 1996, Quinta do Noval,
O Noval Nacional é o vinho mais caro e raro de Portugal, feito com vinhas muito velhas de um dos raros vinhedos em pé franco de Portugal. Neste caso em uma safra difícil, 1996, no qual não houve declaração generalizada de Vintages. Mostrou-se um pouco mais diluído, com doçura aparecendo, já com um pouco de evolução para a idade, notas de couro, nota animal, tabaco, frutas secas, figos secos, muitas especiarias. Sem a estrutura e equilíbrio ideais mas com a elegância que e complexidade que se espera de um Noval Nacional. Está em sua fase adolescente, um pouco fechado, delicado e elegante.
Nota: 94 pontos
Graham's Porto Vintage Quinta dos Malvedos 2004, Graham
Retinto, opaco, violáceo. Aroma muito frutado, com notas de ameixas, frutas negras maduras, ervas maceradas, esteva, especiarias doces, no melhor estilo Porto Vintage jovem. Paladar opulento, concentrado e macio, com muitos taninos finos ainda por resolver, quente, macio longo, entrando em sua adolescência. Recomendo ou beber imediatamente e apreciar sua pujança, ou guardar por ao menos 10, senão 20, anos, aguardando seu apogeu.
Nota: 95 pontos
Dow's Porto Vintage 2011, Symington Family Estates
2011 nos oferece tudo: estrutura, textura, cor, frescor, longevidade, complexidade - um ano perfeito para os Vintages, uma das melhores safras da história. Pela cor parece um vinho que acaba de ser feito, roxo, retinto, violáceo. Apresenta muita concentração de frutas, com notas de frutas negras, geleias, ervas. Paladar ao mesmo tempo poderoso e macio, um bloco de taninos de textura aveludada, grande frescor. Espetacular, feito para ir até o século XXII.
Nota: 100 pontos