Por Marcelo Copello
Hoje vamos juntos aos confins da Argentina, para dar um passeio pelos vinhedos mais ao sul do planeta e conhecer seus vinhos muito particulares.
Bodega del fin del Mundo
Costa y Pampa (de Chapadmalal, próximo à Mar de Plata - pronvíncia de Buenos Aires)
Localizada entre os os paralelos 38 e 45 sul, a Patagônia é uma região que apensar de extensa, produz apenas 2% do vinho argentino, com apenas 15 bodegas (das quase 1 mil de todo o país). Estes são os vinhedos mais ao sul do planeta (junto com a Nova Zelândia). Diferentemente de outros terroirs frios, como na Alemanha ou norte da Itália, aqui o clima é desértico (com apenas 150-180mm anuais de chuva), com muito vento e por vezes com problemas de geadas. Engrossar as cascas das uvas e proteger de pragas, são papéis importantes destes fortes ventos, que, combinados com o clima frio e muitas horas de sol, geram vinhos de boa concentração e grande frescor. A colheita é tardia, vai até maio, como consequência o álcool sobe junto com a concentração de sabores, mantendo boa acidez natural. Os rendimentos aqui são muito baixos, raramente passam de 15 mil kg de uvas por hectare e muitas vezes não chegam a 5 mil kg. Esta é também talvez a única região argentina onde os vinhedos não são de altitude.
A casta emblemática da região é a Pinot Noir, embora tenhamos muitos (e bons) vinhos de outras castas como Chardonnay, Sauvignon Blanc, Malbec, Merlot e até mesmo a Cabernet Sauvignon.
A Patagônia já tem vinhedos desde 1909, quando aqui se instalou a Bodega Humberto Canale. Desde 2002 foram reconhecidas aqui duas Indicações Geográficas (Río Negro e Neuquén) e, mais recentemente, a IG Chapadmalal, já próxima a Mar del Plata (e não mais na Patagônia), a apenas 5km do mar.
Rio Negro, mais no centro da região, tem altitudes mais baixas (180-270m) e solo mais aluvial. Neuquén, onde se concentram mais vinhedos, está mais perto da cordilheira, com altitudes entre 300-340m e tem solos mais variados, aluviais, coluviais, arenosos, com muitas pedras. É de Neuquén que sai 11% dos Pinot Noirs da Argentina.
Humberto Canale
Malma
A nova IG, Chapadmalal, é algo à parte. Não é na Patagônia e sim próximo à Mar del Plata, na província de Buenos Aires, obviamente foge totalmente do padrão patagônico. Aqui chove de verdade, às vezes mais de 1.300mm/ano, com pouco sol (150 dias/ano) e os solos são vulcânicos na superfície e calcários no subsolo, com muitas rochas. Não é fácil fazer vinho aqui, mas em 2009 a gigante Trapiche resolveu pagar para ver. Hoje começamos a ver os ótimos resultados com sua nova linha Costa & Pampa.
Avaliei 19 vinhos da Patagônia e de Chapadmalal. Meus prediletos foram
MELHOR TINTO: Humberto Canale Gran Reserva Merlot 2014
MELHOR BRANCO: Costa & Pampa Albariño 2017, Trapiche
MELHOR PINOT: Humberto Canale Gran Reserva Pinot Noir 2014
MELHOR MALBEC: Wapisa Malbec 2015
VINHOS PROVADOS em ordem de nota:
BRANCOS
Costa & Pampa Albariño 2017, Trapiche
Costa & Pampa Sauvignon Blanc 2017, Trapiche
Costa & Pampa Chardonnay 2017, Trapiche
ESPUMANTE
Deseado, Familia Schroeder
ROSÉ
Old Vineyard Pinot Noir Rosé 2018, Humberto Canale
TINTOS
Humberto Canale Gran Reserva Merlot 2014, Humberto Canale
Humberto Canale Gran Reserva Pinot Noir 2014, Humberto Canale
Special Blend 2016, Bodega del Fin del Mundo
Saurus Barrel Fermented Malbec 2017, Familia Schroeder
Malma Universo Blend 2012, Bodega Malma
Costa & Pampa Pinot Noir 2016,Trapiche
Saurus Select Pinot Noir 2016, Familia Schroeder
Malma Malbec Finca La Papay 2018, Bodega Malma
Ojo Negro Malbec 2016, Ojo de Agua
Wapisa Pinot Noir 2017, Wapisa
Malma Pinot Noir Family Reserve 2016, Bodega Malma
Reserva del Fin del Mundo Malbec 2017, Bodega del Fin del Mundo