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O que é um “vinho gastronômico”?

O que é um “vinho gastronômico”?

07/02/2017

Marcelo Copello

Mundo do Vinho

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Por coincidência, em um mesmo dia, duas experiências opostas que me fizeram rever conceitos. Almocei com Giacomo Neri, produtor dos excepcionais de Brunellos di Montalcino Casanova di Nero, que foram harmonizados com ótimas carnes no Giuseppe Grill. Em minhas anotações sobre os Brunellos vi um comentário que uso com freqüência, descrevendo este tinto italiano como um “vinho gastronômico”. Mas o que é um “vinho gastronômico”? Existe tal categoria? Logo, existem vinhos não gastronômicos?

O que é um vinho gastronômico?

Convencionou-se chamar de vinho gastronômico um vinho onde o equilíbrio “aspereza x maciez” pende ligeiramente para uma (agradável) aspereza. Estes seriam vinhos não muito alcoólicos, secos, com uma ponta a mais de taninos e/ou acidez, que lhes dá uma sensação de agradável aspereza enquanto degustados sozinhos, mas que se equilibrará com a comida, tornando o casamento perfeito.

O oposto são vinhos mais redondos, macios e alcoólicos (o álcool dá a sensação de maciez ao vinho, que se confunde com doçura). Vinhos muito macios são ótimos sozinhos (sem comida), mas podem ficar um pouco enjoativos e cansativos à mesa.

Revendo conceitos

No mesmo dia do almoço com Brunellos, jantei com a enóloga Maria Alejandra Vallejo, da Concha y Toro, que me apresentou o novo vinho ícone desta mega-empresa, o syrah Gravas Del Maipo, que casou-se muito bem com a moderna cozinha japonesa do Sushi Leblon. Pela minha antiga (e já rasgada) cartilha, o Gravas Del Maipo seria um vinho não gastronômico, pois tem 15% de álcool, taninos muito doces, é muito macio e encorpado. Este vinho possivelmente desafinaria com culinária ocidental, porém com as receitas agridoces ficou muito bem casado.

Poucos dias antes tive outra experiência da mesma natureza ao provar o Plavac Mali 2007, uma vinho da Croácia, da vinícola Korta Katarina, uma novidade trazida pela Decantar (R$ 255, www.decanter.com.br). Este tinto é um canhão, com 15,5% de álcool e cheio de personalidade, com aroma de geléias, passas, mineral terroso, ervas, cravo, com paladar volumoso lembrando um Amarone (minha nota foi: 92 pontos). Gostei do vinho mas confesso que não consegui beber a 2ª taça, e ao tentar harmonizar com comida italiana foi um desastre. A solução foi chocolate amargo, uma combinação maravilhosa!

Conclusão

Não existe “vinho gastronômico” ou “não gastronômico”. Todo vinho tem potencial para acompanhar bem comida, basta escolher o prato adequado.

Leia também: Cozinhando com Vinho do Porto

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Marcelo Copello

Marcelo Copello


Marcelo Copello é um dos principais formadores de opinião da indústria do vinho no Brasil, com expressiva carreira internacional. Eleito “O MAIS INFLUENTE JORNALISTA DE VINHOS DO BRASIL” pela revista Meininger´s Wine Business International, e “Personalidade do Vinho” 2011 e 2013 pelo site Enoeventos.

Curador do RIO WINE AND FOOD FESTIVAL, e Publisher do Anuário Vinhos do Brasil, colaborador de diversos veículos de imprensa, colunista da revista Veja Rio online. Professor da FGV, apresentador de rádio e TV, jurado em concursos internacionais de vinho, como o International Wine Challenge (Londres). Copello tem 6 livros publicados, em português, espanhol e inglês, vencedor do prêmio Gourmand World Cookbook Award 2009 em Paris e indicado ao prêmio Jabuti.

Especialista no mercado e nos negócios do vinhos, fazendo palestras no Brasil e no exterior, em eventos como a London Wine Fair (Londres). Copello é hoje um dos palestrantes mais requisitados. Para saber mais sobre as palestras e serviços de Copello clique AQUI

  

Contato: contato@marcelocopello.com