A vinicultura uruguaia ganhou elegância, respeito e reconhecimento. Isso, pelas pre- miações conquistadas em concursos inter- nacionais e pelo prestígio que os vinhos ganharam em outras terras. Um momento importante, novo, ainda não concluído. Enquanto a população uruguaia insiste no vinho de mesa, a atividade exportadora dos produtos de qualidade cresce no país. Dados da Wines of Uruguay, entidade que promove a imagem do vinho uruguaio no mundo, revelam que as exportações triplicaram nos últimos cinco anos, superando os 3,2 milhões de litros anuais. Com isso, a mentalidade dos produtores muda.
“Os vinhos de alta gama são feitos com muita paixão pelas famílias”, orgulha-se Federico de Moura, o sommelier mais respeitado do Uruguai e responsável pela adega do restaurante 1921 do Hotel Casino Carrasco, patrimônio histórico que hoje integra o portfólio da rede de luxo Sofitel.
As zonas dos vinhedos também ganharam empreendimentos hoteleiros inimagináveis no passado recente. O lodge da bodega Narbona, em Carmelo, ganhou a chancela da rede francesa Relais Châteaux. O pueblo de Carmelo, que também tem azeite de oliva, frutas, lácteos e um quê de Toscana, é hoje expressão de requinte, com imóveis de luxo e hotelaria top que superam a capital do departamento (estado) de Colônia: a encantadora e histórica Colonia del Sacramento, da qual está separada por 80 quilômetros.
O SUCESSO DA BOUZA
Na zona rural de Montevidéu, em Melilla, a apenas dez minutos de carro da capital uruguaia, está a Bouza. A bodega boutique premiada se esmera em receber visitantes todos os dias do ano. Uma lógica inversamente proporcional à sua produção, de 150 mil garrafas anuais. Mas o faz com sofisticação.
Um restaurante à la carte e atenção de duas sommelières. Um precioso museu de carros clássicos, da coleção particular da família Bouza. O legado de um antigo prédio à imagem dos châteaux franceses, onde os vinhos são elaborados. Uma boutique nada óbvia (atenção aos pulôveres em lã merino sem corantes; às joias de autor com pedras uruguaias; aos livros enogourmets que vêm juntar-se, claro, às edições limitadas de Albariño, Chardonnay, Merlot, Tempranillo e Tannat).
A Bouza já conquistou muito pelo tempo que tem. Sua primeira vindima foi em 2003, com Tempranillo. Em 2013, uma década depois, seus tintos e brancos superaram os argentinos no site da inglesa Jancis Robinson, em sua “Autumn Collection” dedicada aos dois países.
A Bouza é uma bem-sucedida síntese de passado e presente. A cava em estilo château foi construída em 1942, encomenda de Numa Pesquera, expoente da agroindústria uru- guaia. Em 2002, Juan Bouza López, de origem galega, e a esposa Elisa Trabal compraram a propriedade cercada pelo riacho Melilla. Restauraram a bodega e começaram a fazer vinho associados ao doutor em enologia Eduardo Boido. Hoje a Bouza exporta para vários países. O Brasil é seu segundo mercado, atrás só dos EUA, conta Cristina Santoro, que conduziu a visita de BACO. A estrela da bodega é a Albarinho, a uva branca da Galícia que a vinícola introduziu no Uruguai e na
América do Sul.
E vem aí o hotel-boutique Bouza. Estão sendo investidos US$ 2 milhões no projeto, conta Juan Borda, diretor da vinícola. É o momento certo. “Quarenta mil pessoas nos visitam por ano”, destaca. Duas das habitações de superluxo estarão no vagão de trem inglês de 1929, hoje estacionado em frente ao museu de carros instalado no galpão que guardava ferramentas nos anos 1940. A fachada desse memorial de carros ganhou look modernista ao ser coberta por madeira. Os modelos? Mimadíssimos. Destaque para a coleção de Ford T, os preferidos do pai de Juan (Juan Bouza Martínez, que chegou a Montevidéu em 1955). Há também Alfa Romeo Giulietta e o simpático Citroën, conhecido como patinho feio. (www.bodegabouza.com)
Canelones - ARTESANA É NOVA “SAFRA” EM BODEGA
Fica na bucólica localidade de Las Brujas e atende pelo nome de Artesana. É a bodega ultrapremium das enólogas Analía Lazaneo e Valentina Gatti, com investimentos do norte-americano Blake Heinemann. Foi criada em 2011, tem 8,5 hectares de vinhedos plantados e produz 48 mil garrafas/ano. Sua razão de ser, além da óbvia paixão das duas pelo vinho, foi começar a exportar para os Estados Unidos seu Tannat. Logo plantaram Merlot, porque o corte vai bem com a cepa-símbolo do Uruguai, sempre. Mas há uma uva que no país do presidente Mujica só é trabalhada na Artesana. É a Zinfandel, de origem croata, divulgada via italianos e associada irremediavelmente à Califórnia.
A opção pela Zinfandel, para completar o estrito portfólio composto apenas por uvas tintas, tem um objetivo muito claro. “Cativar um público uruguaio exigente, para quem o Tannat não tem maiores apelos”, conta Analía. Santo de casa não faz milagres, certo? A primeira safra de Zinfandel é de 2011.
A bodega, distante 30 quilômetros ao norte da capital Montevidéu, conta com equipamento novo de origem francesa e italiana. A elaboração respeita as diferentes parcelas e tem mínima intervenção, para
que a uva possa se expressar.
Artesana integra a associação de turismo enológico Caminos del Vino (www.caminosdelvino.com). Mas os visitantes podem optar por tours organizados ou irem diretamente de Montevidéu à região de Canelones. Artesana recebe para visitas ao vinhedo e bodega, degustação de vinhos na varanda e, no verão, promove charmosas sessões de cinema ao ar livre, bem como piqueniques nos vinhedos. (www.artesanawinery.com)
À MESA COM OS PISANO
Ah, os Pisano… Ser recebido pelos irmãos Daniel, Eduardo e Gustavo, e também por Gabriel Pisano, filho de Eduardo, é brindar a mais de três séculos de vinho. Uma história que começa na italiana Ligúria. Embora
não tenha uma forma estruturada de lidar com os turistas, a experiência é mais do que especial nesta bodega da cidade de Progresso, a 25 quilômetros da capital Montevidéu.
Para começar, pode se apreciar um churrasco feito por algum deles,
num pequeno ambiente fechado, com mesa comunal e grelha, local onde a família – que de tão afetuosa vive separada por no máximo um quilômetro de distância – se reúne, seja aos domingos para almoçar, seja por motivos profissionais, para reuniões de diretoria movidas a mate uruguaio. Nas paredes, a memória dos Pisano. São as alpargatas que usou César, pai do trio, já falecido; ou a
bolsa que algum dos irmãos levava à escola; um antigo rádio portátil,
muitas fotografias esmaecidas. Só falta a bandeira do Peñarol. “Aqui
existe história de vida. Se é o que as pessoas buscam, este é
o lugar”, dispara Daniel, que já foi chamado pela imprensa
de seu país de “furacão de bigode” e cuida da parte co-
mercial. Eduardo, responsável pelos vinhedos e pela
área administrativa, assim como o enólogo Gustavo,
são mais introvertidos. Aparentemente.
E são deliciosos os relatos. Como, por exemplo, o
fato de que há quase cinco gerações não nasce uma única mulher entre os Pisano. Ou uma das muitas máximas de Daniel Pisano: vinho é como cachorro, sempre se parece ao dono. Sim, senhores. (www.pisanowines.com)
Vina Progresso
Gabriel não nega que é um Pisano e tem suas próprias histórias, como a de que aos
5 anos de idade já sabia distinguir Tannat de Cabernet. História bem verossímil, já que o
jovem tem talento e a criatividade já vem no DNA dos Pisano. Antes de lançar a Viña Progresso,
Gabriel rodou o mundo, estagiou na Califórnia, Austrália e Priorato, na Espanha. Neste último lugar
foi que ele aprendeu a ousadia que acabou originando sua empresa. Gabriel viu como faziam certos tintos à moda antiga no Priorato, fermentando-os com suas massas (cascas e engaços) em uma barrica sem tampa, revolvendo-as com um bastão (bât- tonage). Foi assim que criou o vinho Sueños de Elisa, um excelente Tannat que leva, no rótulo, um desenho de sua tia Elisa. As invenções de Gabriel não param por aí, cada vinho seu tenta sair do comum, nos desafiando e encantando. (www.vinaprogreso.com)
STAGNARI: QUANDO O VINHO É DESTINO
Vindo de Montevidéu pela Ruta 5, em direção ao norte, mais ou menos à altura do quilômetro 20, você encontra a cidade de La Paz. No bairro com o sugestivo nome de Santos Lu- gares está a Antigua Bodega Stagnari. Nem parece, dado o ingrediente bucólico da região. Mas apenas 20 minutos de carro separam a bodega da Cida- de Vieja (o centro), na capital uruguaia.
Durante anos a Stagnari foi conhecida por produzir apenas vinho de mesa. Que o diga o rótulo Enriqueta, famosíssimo no país. Embora não renegue este tipo de bebida, que continua sendo produzida por razões de mercado, hoje Stagnari é sinônimo também de Mer- lot, Sangiovese, Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Sau-
vignon Blanc, Cabernet Franc, Shiraz e, claro, Tannat.
A família Stagnari não tinha como fugir do vinho. Sua história começa com o italiano Vicente Stagnari, um fã dos ideais de Garibaldi, que no fim do século XIX resolveu plantar, em Ancona, umas vinhas. Suas técnicas foram passadas aos filhos, entre eles Paolo Stagnari Casali, que muito jovem cruzou o Atlân- tico em direção ao Uruguai. Estabeleceu-se em Canelones, mais precisamente em La Paz. Foi trabalhar para a família Aicardi e se apaixonou por Adela, filha do patrão. Em 1910, arriscou suas primeiras videiras. O negócio prosperou e chegou a produzir mais de 110 mil litros ao ano. Héctor Stagnari Aicardi, um dos sete filhos de Adela e Paolo, nascido em 1908, assumiu a liderança da terceira geração, mas morreu jovem. Quem levou a paixão familiar para frente foi seu filho Héctor Nelson Stagnari, que mais tarde se casaria com Mariana Moise (filha de Pablo Moise, também um imi- grante italiano, que comprou uma propriedade em Santos Lugares). Moise levantou uma pequena bodega e acabaria se tornando referência no vinho uruguaio. Enrique- ta e Mariana, suas filhas, nasceram no casarão que recebe os turistas, onde, com osconhecimentos herdados, o casal elaborou seus primeiros vinhos.
Era fatal que Virginia, filha deles, que nos recebeu junto com Fabian Houjeije, o gerente de exportações, também acabasse no negócio familiar. E a sexta geração já tomou a bodega, já que Mariana e Carlo, netos de Héctor e filhos de Virginia, tam- bém estão – Mariana, com experiência na vindima californiana e na Austrália, como uma das enólogas (com a veterana Laura Casella), e Carlo cuidando dos vinhedos.“Mais de 80% dos visitantes de nossa bodega são brasileiros”, alegra-se Virginia. A unida família Pisano. (www.antiguabodegastagnari.com.uy)
COLÔNIA – Terroir de Carmelo
Colônia do Sacramento, a capital do departamento de Colônia, é o desti- no mais conhecido dos brasileiros e merece ser visitada. Nem pensar em sair desta cidade histórica sem provar os queijos artesanais do Buen Suspi-
ro (www.buensuspiro.com), uma “covinha” onde os muito altos qua-
se batem a cabeça no teto, sem que ninguém se importe. Mas Car-
melo (a só 80 quilômetros de Colônia, a 250 de Montevidéu e a
379 quilômetros de Punta del Este) é fundamental para os
amantes do vinho. E ali se vai do luxo à descontração.
Algumas de suas benesses: um clube de campo de golfe com 18 buracos, com fama de ser o
melhor da América do Sul (www.carmelogolf.com.uy); a praia particular do clube de campo El Faro (passeio que a Narbona organiza para seus hóspedes), onde também se podem
alugar barcos;
o Yatch Club
(onde se pode
provar um delicioso
chivito uruguaio e lugar
onde a incrível María-Noel
Irurtia, herdeira de uma família referencial na vitinicultura uruguaia, gosta de levar os visitantes de sua bode- ga para almoçar); os frios e geléias do Almacén de la Capilla (www. almacendelacapilla.wix.com/almacendelacapilla), perto
da Capela de San Roque);
um drinque no bar Shiva, do
Four Seasons, resort à beira do rio
da Prata; as pizzas ao forno de barro
do restaurante Basta Pedro, em Puer-
to Camacho. Parece que a felicidade passa pelo terroir de Carmelo, o km 0 do rio da Prata.
AMÍLIA IRURTIA: REFERENCIAL, CENTENÁRIA E COM MEMÓRIA AFETIVA
Os Irurtia são importantíssimos na vitinicultura uruguaia. Têm produção anual de dois milhões de garrafas de vinhos de mesa e 150 mil garrafas de vinhos finos. A bodega, que já conquistou 28 medalhas de ouro em concursos internacionais, completou um século em 2013. Dante Irurtia foi um visionário que assumiu o legado familiar em 1954. Importou plantas e tecnologia da França, obteve reco- nhecimento internacional e três décadas depois recebia do governo francês a distinção de “chevalier”, por suas inovações tecnológicas.
“Meu pai queria varietais de boa cepa e ainda nos anos 1970 começou com a Cabernet Sauvignon”, conta María-Noel, uma entre os sete herdeiros, enquan- to nos levava para dar uma volta pelos vinhedos, na caminhonete Jeep verde-água, com a qual costuma receber os turistas – um modelo justo desta década, tão refe- rencial para a bodega. Hoje, Irurtia produz também Pinot Noir, Chardonnay, Viognier, Cabernet Rosé, Gewürztraminer e, claro, Tannat.
Embora não seja uma bodega ecológica, destaca María-Noel, vemos os vinhedos atados com vime em vez do plástico que degrada o ambiente. E aos poucos ficamos sabendo que o solo de pedra e rochas quaternárias cobertas de argila serviram, pri- meiro, para pavimentar as ruas de Buenos Aires. Seu bisavô, o basco dom Lorenzo, que chegou ao Uruguai na segunda metade do século XIX, fazia o duro trabalho de cortar os paralelepípedos destinados aos caminhos portenhos. Depois, descobriu as possibilidades para o vinho e fez sua primeira vindima em 1913.
Logo após, fomos para o interior da bodega, marcada por aromas de grappa fina, extraída de algumas cepas, relatos e mais memória afetiva. Estão ali a charrete de dom Lorenzo; o antigo carro de dom Miguel, o segundo na linha de sucessão; a saga da família estampada em fotos; os jogos de infância da própria María (como usar um pedaço de pau para colocar rolha nos garrafões).
Cruzamos a ala que separa os antigos tonéis dos barris de carvalho americano e francês, onde o Tannat envelhece por 18 meses. Aos muitos visitantes que não sabem a diferença, ela costuma dizer: seleção de uva e armazenamento. “Fazer vinho é algo simples, tem magia, mas não tem nada escondido”, pontua ela, cuja bodega já produziu os vinhos da vizinha Narbona. Entramos numa cava escura, com garrafas empoeiradas. Ali estão exemplares da década de 1980, que o pai guardava para ver a evolução, hoje disputados por clubes de degustação.
Da afetiva visita conduzida por María podem fazer parte surpresas como o grupo ir parar no ateliê do escultor Velarde Gil. “Não sou enóloga nem sommelier. Falamos de vinho e de um montão de outras coisas.” www.irurtia.com.uy
Detalhes de uma bodega boutique
A Narbona é a finca do empresário argentino Eduardo Canton, o homem que fez grandes aportes em negócios imobiliários na região e contribuiu para que Carmelo fosse um ponto sofisticado na rota do vinho. A bodega só produz vinhos de alta gama (80 mil garrafas por ano) e é um primor em todos os detalhes, simples assim. Está localizada na estância original de 1909, onde Juan de Narbona fundou uma das primeiras vinícolas do país. Em 1990, a área foi toda reciclada. Oito anos depois, vinhedos foram plantados e, em 2010, começou a construção de uma nova bodega dentro da área original.
E que bodega! É de “boutique”, mesmo na aparência de zona de produção, que oscila entre o rústico e o moderno. É elegante, mesmo no la- boratório da enóloga Valeria Chiola. E com diálogo constante entre passado e presente. No subsolo da moderna bodega, a surpresa de um living estiloso, com paredes cobertas por seus melhores vinhos.
Nem por isso a Narbona deixa prestar tributo à velha adega, um espaço de pedra, com embutidos pendurados no teto e que ganhou iluminação esplendorosa.
A bodega elabora Tannat, essencialmente.
Mas também tem Pinot Noir, Petit Verdot, Viognier e Syrah. Segundo Fabiana Bracco, gerente de exportações da Narbona, é a vinícola que tem os vinhos mais caros de ex- portação (junto com a Bouza). “O Brasil é hoje nosso principal mercado”, conta. Os vinhedos mimadíssimos estão espalhados por 15 hectares, uma área que também tem pequenas extensões de árvores frutíferas destinadas à elaboração de geleias. Também há produção de bola- chas, queijos e iogurtes, pasta seca e azeite gourmet. E um restaurante aberto ao público, replicado também em Punta del Este, em La Barra.
A Narbona conjuga passado e presente também nas cinco habitações de seu lodge. Tannat e Rosé (cada uma com 138 metros quadrados) têm vistas para o vinhedo e decoração com peças antigas escolhidas a dedo. Já Viognier, Sauvignon Blanc e Petit Verdot, com vista para a vinícola, são mais modernas e minimalistas, com predomínio do branco. Em todas, terraço privativo e varanda com lareira. De- talhes que fizeram com que a Narbona ganhasse a chancela da francesa de turismo de luxo Relais Chatêaux. É oprimeiro hotel do Uruguai a obter a distinção. (www.narbona.com.uy)
Maldonado/Punta del Este - BODEGAS GARZÓN
A região de Maldonado, que engloba belíssimos balneários como Punta del Este, é uma das mais novas e fascinantes regiões vinícolas da América do Sul, bem no litoral do Atlântico. O local é perfeito para quem não quer apenas pro- var bons vinhos, mas também visitar belas praias e frequentar cassinos. Ainda são poucas as vinícolas instaladas na região, mas uma delas chama a atenção. A cerca de 30 minutos de Punta del Este, em direção ao interior, está um novís- simo e impressionante empreendimento, em uma área bucólica. Na realidade, bem mais que uma vinícola, a Bodegas Garzón (www.colinasdegarzon.com) é um “ecoenoturístico” sustentável completo, que engloba, além de vinhedos, bos- ques de eucaliptos que protegem a fauna local, olivais, culturas como a de amên- doas, lagos e, é claro, um belíssimo hotel resort, restaurante e vinícola. Quem está por trás deste colosso de cinco mil hectares, com 200 hectares de vinhedos, é o magnata do petróleo argentino Alejandro Bulgheroni, que contratou o enólogo consultor Alberto Antonini, um famoso flying winemaker italiano, para capitanear os vinhos, auxiliado pelo enólogo residente Germán Bruzzone.
A bodega, ainda em construção, é moderníssima e de grande capacidade, já que há planos de expandir os vinhedos até 500 hectares. O conceito geral de viticultura é uma produção sustentável, harmônica com a natureza, de cultivo orgânico, embora sem buscar certificações. Os vinhos têm estilo internacional, mas sem exageros ou excessos de madeira, concentração ou álcool, mas sim com taninos doces, fruta madura e equilíbrio. O projeto, ainda nascente, tem tudo para se tornar uma locomotiva da indústra do vinho uruguaio.
Brancos
Sauvignon Blanc 2014 (Garzon, World Wine) –
Palha claro esverdeado. Aroma elegante e típico, leve cítri- co, com mineralidade marinha. Paladar leve, com 12,5% de álcool, ótima acidez, fresco, gastronômico, leve e elegante. Nota: 86 pontos
Viña Progreso Viognier 2014 (Viña Progreso, Vinci, www.vinci.com.br) - Uma amostra de tanque, ainda não engarrafado, não pas- sa por barrica. Palha claro, aroma fresco, mais cítrico, maçã verde, lima, notas florais. Paladar leve e fresco, ótima aci- dez, com boa textura sem cremosidade típica da casta. Um Viognier mais leve e fresco. Nota: 86 pontos
Viognier 2014 – (Garzon, World Wine, www.worldwine.com.br) – Amarelo palha esverdeado. Aroma com ótimo frescor, cítrico e com mineralidade salgada, com notas de anis e flores brancas. Paladar leve fresco, 13% de álcool, ótima acidez. Um Vionier elegante e mais cítrico e com mais acidez que o típico. Nota: 86 pontos
Bouza Alvarinho 2014 (Bouza, Decanter, www.decanter.com.br) – ainda precisa de tempo para se integrar, ainda desarticulado no nariz. Na boca está excelente, com boa estrutura dada por ótima acidez, fresco, macio e longo. Nota: 87 pontos
Avarinho 2014 Varietal (Bouza, Decanter, www.decanter.com.br) – amarelo palha. Aroma frutado, com notas de frutas tropi- cais, abacaxi, manga, com boa tipicidade da casta e, como todos os demais, com a mineralidade salina. Paladar leve, mas com acidez muito boa e textura macia. O melhor dos brancos deste produtor. Nota: 87 pontos
Bouza Alvarinho 2005 (Bouza, Decanter, www.decanter.com.br)
- Este vinho já não se encontra mais à venda, mas prova o quanto este branco pode evoluir bem. Amarelo-palha claro. Aroma fresco, com notas de evolução muito interessantes, lembrando um Riesling antigo, terpênico, além de notas minerais, defumadas, de pera, flores do campo. Paladar leve e macio, com acidez muito boa, cremoso e longo. Delicioso.
Nota: 92 pontos
rosado
Narbona Tannat Rosé 2013 (Narbona, De Vinum, www.devinum.com.br) – Cor diferente, casca de cebola, mais carregado. Aroma de ma- deira nova, frutas vermelhas maduras. Paladar de médio corpo, madeira aparece na boca, taninos presentes, 14% de álco- ol, perfil geral macio. Um rosé diferente, encorpado, alcoólico, com passagem por barricas de carvalho, de alma tinta. Nota: 84 pontos
Viña Progreso Syrah Rosé 2013 (Viña Progreso, Vinci, www.vinci.com.br) – Um rosé de cor intensa, quase um clarete. Aroma intenso de frutas vermelhas, densas e frescas. Paladar de boa es- trutura, com nota de maciez/doçura, com bom volume de boca, 13,5% de álcool. Um rosé encorpado, versátil à mesa. Nota: 85 pontos
Tintos
Espumante Río de los Pájaros Brut Nature Tannat (Pisano, Mistral, www.mistral.com.br, ainda não disponível no Brasil) - Um espumante tinto, com aromas de frutas negras maduras. Paladar seco, de bom corpo, com 13,5% de álcool e taninos doces que aparecem nervosos na boca, pela temperatura baixa do líquido e pelo gás (acidez). Sem comida este espumante deve causar estranheza, com uma feijoada deve encantar. Nota: 85 pontos
Viña Progreso Sangiovese 2011 - (Viña Progreso,Vinci, www.vinci.com.br) 40-50% do volume passa em barricas velhas. Rubi violáceo entre claro e escuro. Aromas de frutas vermelhas, alcaçuz. Paladar de médio corpo, fresco, taninos presentes, boa aci- dez, 13,5% de álcool, gastronômico, com tipicidade da casta, mas ao mesmo tempo diferente dos exemplares italianos. Nota: 86 pontos
Artesana Tannat 2012 (Artesana, EnoEventos www.enoeventos.com.br). 100% Tannat. Rubi violáceo escuro. Aroma intenso, de fru- tas negras e vermelhas bem maduras, madeira, baunilha, tostados, nota verde, herbáceo. Paladar de bom corpo, 13,9% de álcool, taninos presentes e acidez viva. Nota: 86 pontos
KM 0 Reserva Cabernet Sauvignon 2011 * (Irurtia)
– Rubi escuro violáceo. Aroma de muita concentração, com frutas negras, cassis, ameixa, amora, madeira bem casada. Paladar seco, de bom corpo, com taninos doces e presen- tres, boa acidez. Conjunto equilibrado e consistente. Nota: 87 pontos
Prima Donna Merlot 2011 (Antigua Bodega Stagnari,sem importador no Brasil) Rubi escuro violáceo, com aromas de carvalho, frutas ne- gras maduras. Paladar concentrado, de bom corpo, com ta- ninos presentes, finos, boa acidez, 13,5% de álcool, boa ex- pressão da fruta, ótimo Merlot, com força e personalidade. Nota: 88 pontos
Río de los Pájaros Tannat 2011 (Pisano, Mistral, www.mistral.com.br) Passa por barricas de segundo uso por seis meses. Rubi violáceo quase escuro. Nariz expressivo, frutado, com ameixas e amoras frescas, especiarias discretas, sem encobrir a fruta. Paladar seco, de médio-bom corpo, 13,5% de álcool, boa aci- dez, gastronômico Nota: 88 pontos
Tannat 2012 (Garzon, World Wine, www.worldwine.com.br) 80% do vinho passa 12 meses em barricas, 99% francesas. Rubi escuro violáceo. Aroma pouco intenso, como é comum nos Tannats, mas elegante, com madeira aparecendo pouco, boa fruta, negra e madura, bom frescor e minerali- dade . Paladar de bom corpo (médio corpo para um Tan- nat), taninos finos, acidez muito boa, gastronômico. Nota: 88 pontos
KM 0 Reserva Tannat Syrah 2011 * (Irurtia) Rubi escuro violáceo. Aroma frutado, com notas de especiarias picantes, nota balsâmica. Paladar seco, de bom corpo, taninos presentes, secantes, acidez boa, 13,5% de álcool, gastronômi- co. Menos integrado/equilibrado que o Cabernet Sauvignon, precisa de tempo de garrafa e deve crescer bastante. Nota: 88 pontos
KM 0 Pinot Noir Rolbe Gran Reserva 2010 * (Irurtia) Rubi violáceo mais para claro que escuro. Aroma tipico da casta, com notas de carvalho, tostados finos, frutas vermelhas maduras, nota mineral elegante. Paladar seco, de bom corpo, com taninos presentes, secantes, 13,8% de álcool, boa acidez, pode ainda evoluir, pois tem equilíbrio e estrutura para tal. Nota: 89 pontos