Por Marcelo Copello
Esta história incrível e hilária me soou como uma massagem no ego. Depois, contudo, fiquei preocupado. Vejam porque:
Sentei-me ao lado de Jorge Nunes, sommelier chefe do Eleven (restaurante com filiais em Lisboa e no Rio), durante um almoço semana passada e ele me fez o relato a seguir. os fatos se passaram muitos anos atrás, antes de eu ir a primeira vez no Eleven de Lisboa.
Segundo Jorge, certa noite o concierge de um hotel estrelado na capital lusa ligou para o Eleven para avisar que “Marcelo Copello, importante crítico de vinhos do Brasil” estava lá indo jantar.
O sósia, um brasileiro de compridos cabelos e nariz, lá apareceu e Jorge e sua equipe estenderam-lhe o tapete vermelho. Ele pediu o menu completo harmonizado, mas eles lhes serviram não os vinhos do menu, mas os melhores vinhos da carta. Pelo que Jorge contou o “mini-me” gostou tanto da brincadeira que retornou ao Eleven diversas vezes nos dias seguintes, sempre bebendo várias garrafas - champagne, brancos, tintos, porto, e não saindo antes da madrugada.
Para meu alívio soube que o farsante pagava sempre a conta, não me deixando com fama de caloteiro e aproveitador. A má notícia é que, segundo Jorge, “ele parecia não entender nada de vinhos”. Aí me revoltei! Se o sujeito fez-se passar por mim ao menos tinha que fazer bonito e demonstrar bom conhecimento do tema!
Isso me fez lembrar de uma história do Vinícius de Moraes. Este caso já folclórico conta que o jornalista Antônio Maria, muito amigo do poetinha, sentou-se em um avião ao lado de uma belíssima mulher, que coincidentemente estava lendo um livro de poesias de Vinícius de Moraes. Antônio Maria, disse a moça que ele era Vinícius. Ela se encantou e os dois terminaram em um motel naquela mesma noite. No dia seguinte, Antônio Maria telefonou para Vinícius e contou a história. Vinícius perguntou, “mas e aí? como foi”. Antônio Maria concluiu: “Sinto muito, mas ontem você brochou”.