Os 30 anos do Gambero Rosso, mais importante guia de vinhos da Itália, foram celebrados com toda a pompa em Roma no final de outubro passado. O ponto alto das comemorações foram três provas históricas das quais tive a honra de participar. Formam escolhidos três vinhos que melhor representassem a Itália nestas útlimas três décadas: um tinto, o Sassicaia (leia aqui), um branco, o Vintage Tunina (leia em aqui) e um espumante, Berlucchi – nosso tema de hoje.
O nascimento do Franciacorta
Falar de espumantes de alta qualidade na Itália é falar de Franciacorta, e a história desta região na Lombardia foi escrita pela Cantina Guido Berlucchi e pela família Ziliani.
A Lombardia, capital Milão, florescia como coração industrial da Itália nos anos 1950, pós guerra. Em 1955 o empresário Guido Berlucchi se uniu ao jovem enólogo Franco Ziliani para criar espumantes que rivalizassem com os melhores champagnes para atender a alta classe emergente na região.
Em 1961 Ziliani fez 3 mil garrafas do primeiro espumante elaborado pelo método champenoise da região. Logo fez sucesso e foi seguido por outros produtores. Em pouco tempo, em1967, viria a ser oficializada a DOC Franciacorta, hoje sinônimo de espumantes de alta qualidade, que rivalizam com os da Champagne. Como um todo a região é pequena, produz 16 milhões de garrafas ao ano. Deste total cerca de 30% vem da Cantina Guido Berlucchi, que após a morte sem herdeiros de seu fundador, pertence a Franco Ziliani.
A prova histórica
Com a presença de Franco Ziliani, hoje com mais de 80 anos, e de dois de seus três filhos, Arturo e Cristina, um grupo de 17 jornalistas do mundo (veja a lista ao final) degustou12 safras do top da casa, o Franciacorta Collezione Privata (de 1988 a 2008) e 4 safras do Franciacorta Palazzo Lana Extrême (2004 a 2007), esta uma nova cuvée, elaborada com 100% Pinot Nero.
Franco Ziliani
O dégorgement dos Collezione Privata foi feito especialmente para a ocasião, uma semana antes da prova, e todos receberam a mesma dosagem, de 2 gramas de açúcar. Os Palazzo Lana Extrême ficam em torno de 5 anos com suas borras. Vejamos o resultado da prova:
Franciacorta Collezione Privata 2008, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Dourado claro, perlage muito pequena , pouco abundante mas muito persistente. Aroma fechado, bastante autolítco mas pouco oxidativo, ainda muito jovem, leveduras, tostados, fruta fresca. Paladar de grande acidez, crocante, longo e refrescante.
Nota: 92
Franciacorta Collezione Privata 2007, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Dourado claro, perlage muito pequena, pouco abundante mas muito persistente. Aroma intenso, cítrico, muito autolitico, muita levedura, pão torrado, Paladar estruturado por firme acidez, boa cremosidade mas ainda é a acidez que sobressai, muito viva, longo e fresco, ainda jovem.
Nota: 93
Franciacorta Collezione Privata 2006, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Dourado claro brilhante, bolhas de tamanho médio e pouco abundantes. Aroma aberto, intenso, fresco, de leveduras, frutas, pêssego. Paladar estruturado, de acidez bem presente, longo, já expressivo mas ainda muito jovem.
Nota: 94
Franciacorta Collezione Privata 2005, Berlucchi, Lombardia-Itália. Dourado claro, perlage muito pequena , pouco abundante mas muito persistente. Aroma elegante, focado nas notas da autólise, leveduras, torradas, fruta fesca, pêssego, cítricos. Paladar já mais pronto, acidez integrada, longo e cremoso Nota: 95
Franciacorta Collezione Privata 2004, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Dourado claro, perlage muito pequena, pouco abundante mas muito persistente. Aroma elegante, complexo, entrando no apogeu, leveduras, brioche, fresco, mineral. Paladar fresco, macio equilibrado, textura de elegante cremosidade, muito fino.
Nota: 94
Franciacorta Collezione Privata 2003, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Dourado claro, perlage muito pequena, pouco abundante mas muito persistente. Aroma diferente, com nota química, brioche, frutas cristalizadas. Paladar macio, cresmoso, um pouco curto no fim de noca, aparecentente resultado do ano muito quente.
Nota: 87
Franciacorta Collezione Privata 2001, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Dourado claro, perlage muito pequena, pouco abundante mas muito persistente. Aroma intenso com nota de evolução, leveduras, pão torrado, nota quimica. Paladar macio, cemoso, um pouco curto.
Nota: 89
Franciacorta Collezione Privata 1997, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Dourado ais intenso na cor, perlage muito pequena, pouco abundante mas muito persistente. Aroma elegante, complexo, remetendo a Champagne, leveduras, frutas maduras, especiarias. Paladar macio, cremoso, acidez já mais baixa, mas bem integrada, não deve evoluir mais delicioso agora.
Nota: 94
Franciacorta Collezione Privata 1995, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Dourado ais intenso na cor, perlage muito pequena, pouco abundante mas muito persistente. Aroma intenso e com evolução, fruta bem madura, mel, damasco. Paladar macio, cremoso, decai no fim de boca, maduro, mas ainda delicioso.
Nota: 91
Franciacorta Collezione Privata 1991, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Dourado de média intensidade, já quase sem perlage. Bem delicado, fino, decaindo mas ainda mantendo fruta e frescor, e uma ponta de acidez. Delicioso mas beber já.
Nota: 94
Franciacorta Collezione Privata 1990, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Dourado mais intenso, já quase sem perlage. Aroma de pouco ataque notas de evolução e frutas maduras, mel. Paladar de bom corpo, já com acidez baixa, e um pouco curto, já mais um vinho branco que um espumante.
Nota: 86
Franciacorta Collezione Privata 1988, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Dourado intenso, ainda com um pouquinho de perlage, muito fina. Aroma maduro, com notas de mel, frutas bem maduras, leveduras, nota quimica. Paladar gordo, macio, ainda com uma ponta de acidez, melhor que o 90 e o 91.
Nota: 89
Franciacorta Palazzo Lana Extrême 2007, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Palha claro, perlage muito fica, pouco abundante, muito persistente. Aroma fresco, de frutas brancas, pera, melão. Paladar seco, de acidez aguda, tenso, concentrado, ainda muito jovem, nervoso, com grande potencial.
Nota: 93
Franciacorta Palazzo Lana Extrême 2006, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Palha claro, perlage muito fica, pouco abundante, muito persistente. Aroma perfumado, encantador, frescor em primeiro plano e autlolise ao fundo, frutas brancas,maçã, flores, especiarias. Paladar firme, seco, acidez integrada, longo, delicioso, já interessante mas ainda aquem de seu potencial.
Nota: 94
Franciacorta Palazzo Lana Extrême 2005, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Palha claro, perlage muito fica, pouco abundante, muito persistente. Aroma intenso e fresco, frutado, maçã, pêra, pêssego, Paladar de boa estrutura, seco, acidez marcada.
Nota: 91
Franciacorta Palazzo Lana Extrême 2004, Berlucchi, Lombardia-Itália.
Palha claro, perlage muito fina, boa abundancia, muito persistente. Aroma expressivo, complexo, muita fruta, levedura, especiarias. Paladar estruturado, bastsante seco, cresmoso, com acidez interegrada, o melhor doa Palazzo Lana provados.
Nota: 95
DEGUSTADORES
1 Monica Larner, Wine Advocate (EUA)
2 Kerin O’ Keefe, Wine Enthusiast (EUA)
3 Serena Sutcliffe, Master of Wine, diretora da Sotheby’s (Inglarerra)
4 Dmitry Fedotov, diretor da União dos Vitivinicultores da Rússia
5 Winifred Bowman, Cape Wine Master, Platter Wine Guide (África do Sul)
6 Yumi tanabi Sakura Women’s Wine Awards (Japão)
7 Andreas Larsson Melhor Sommelier do Mundo 2007 (Suécia)
8 Madeleine Stenwreth, Master of Wine (Suécia)
9 Thierry Dessauve, Guia Bettane Dessauve (França)
10 Thomas Prange Barcynsky, diretor da revista Wino (Polônia)
11 Veronika Crecelius, editora do Wienr Wirtschaft (Alemanha)
12 Jane Anson, Decanter, Writer of the Year 2016 (Inglarerra)
13 Ella Lister, World of Fine Wine e Wine Lister (Inglarerra)
14 Marcelo Copello (Brasil)
Além de Marco Sabellico, Eleonora Guerini, Gianni Fabrizio, editores do Gambero Rosso