Por Marcelo Copello (trecho do livro Os Sabores do Douro e do Minho, Editora Senac-SP)
“Uma alheira,
Com a pele fendida;
Tostada do calor da fritura,
A derreter aquele unto doirado
E rescendente a olho
- quem haverá ali,
senhores
que não se tente?”
Manuel Mendes
As alheiras, também conhecidas como “chouriço judeu”, foram inventadas pelos cristãos novos, judeus convertidos ao cristianismo, para escapar da inquisição.
Como a religião judaica os impedia de comer carne de porco, estes cristãos, pouco convictos da sua conversão, poderiam ser facilmente identificáveis pelos seus perseguidores caso evitasse a carne de porco. Assim, como uma artimanha para salvar a própria pele eles faziam sim e comiam muitos enchidos, mas substituíam a carne de porco por outras carnes, principalmente de caça, como a perdiz, mas também vitela, peru, pato, galinha e coelho. A carne era envolvida por uma massa de pão que ganhar consistência semelhante à carne de porco. Daí, se algum cristao-velho fosse bisbilhotar a mesa do ex-judeu, iria encontrar falsos chouriços e não achava motivo de denuncia ao Tirbunal do Santo Oficio. A receita popularizou-se e muitas vezes leva carne de pouco
A alheira é um enchido em formato de ferradura, cilíndrico, em que a tripa de vaca ou porco é recheada com uma pasta fina, feita de vários tipos de carne desfiadas, pão e outros temperos. Geralmente são fritas em azeite e servidas com legumes cozidos. Mas também podem ser estufadas, depois de envolvidas em couve lombarda.