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Conheça o Brunello di Montalcino

Conheça o Brunello di Montalcino

10/03/2017

Marcelo Copello

Mundo do Vinho

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Por Marcelo Copello

Maior expressão da maior uva da Itália. Assim podemos definir o Brunello di Montalcino, ícone toscano, feito com a Sangiovese, a casta mais plantada da velha bota.

HISTÓRIA

Na primeira metade de século XIX, Clemente Santi decidiu produzir um vinho de guarda, na zona de colinas, ao redor da cidade medieval de Montalcino, cerca de 40 km ao sul de Siena, na Toscana. Este vinho seria bem diferente do Chianti, o principal vinho da região. Ele pesquisou e desenvolveu diferentes clones de uvas, baseando-se na principal cepa italiana, a Sangiovese. O resultado foi a Sangiovese Grosso ou Brunello (ou “moreninho”, em português), cujo clone levou o nome científico de BBS (Brunello Biondi Santi), em homenagem a seu criador. Esta cepa é diferente de uma Sangiovese normal, desde o formato das folhas e dos cachos, até a disposição dos bagos e a casca mais grossa, contendo mais tanino e cor.

Em fins daquele século, quando a praga Phyloxera dizimou os vinhedos europeus, o clone usado por vários produtores para o replantio enxertado foi a BBS, que se disseminou na região. Ao longo do tempo os clones continuaram sendo aperfeiçoados assim como método de produção do vinho, com macerações mais longas, longos períodos de amadurecimento em tonéis usados e em garrafa. Em 1980, viria finalmente ser elevado à categoria de DOCG (denominação de origem controlada e garantida) Brunello di Montalcino, ao mesmo tempo em que a marca ganhava fama internacional.

CLIMA E SOLO

O diferencial do Brunello não está apenas na Sangioveses Grosso, já que este clone é usado em outros locais da Itália e exterior, mas também no clima e solo da região e nas rigorosas leis de produção.

Situada ao sul da região do Chianti, Montalcino é uma região bem mais quente e seca, pois é protegida ao sul pelo monte Amiata, impedindo neves no inverno e tempestades de verão, deixando seus 700mm de chuvas concentradas na primavera e outono. Suas belas colinas banhadas pelo sol (de 120m a 650m de altitude) possuem solos muito variados (veja foto), mas em geral pobre e de baixa fertilidade, composto por argila, areia e pedras.

Como a região é relativamente grande (24 mil hectares, sendo 3600 de vinhedos e destes 2100 produzindo Brunello), o terroir pode variar.

Ao norte e nos arredores da cidade de Montalcino: colinas mais altas, clima mais ameno e vinhedos com uma maior composição de calcário misturado a argila, resultando em vinhos mais elegantes, complexos, que precisam de mais tempo para ficarem prontos, de guarda.

Sudoeste – mais perto do mar, clima mais quente e seco, menor altitude, resulta em vinhos mas escuros, concentrados, potentes e prontos mais cedo.

Sudeste – mais para o interior, clima mais continental,  solos mais variados, vinhos de boa complexidade, bem equilibrados, e prontos mais cedo

PRODUÇÃO

Hoje existem quase 250 produtores de Brunello di Montalcino, que juntos fazem cerca de 9 milhões de garrafas ao ano, 68% exportadas. Esta é uma das menores denominações de origem italianas, com qualidade média alta, com vinhos de boa guarda e preço geralmente alto.

O nome Brunello não pode ser usado por vinhos de outras regiões, mesmo que utilizem esta cepa. Todo Brunello, contudo, segue um alto padrão, garantido por lei. Precisa ser composto 100% por uvas Sangiovese Grosso ou Brunello, cultivadas com um rendimento máximo de 8 toneladas de uva por hectare, ter um teor alcoólico mínimo de 12,5% (embora quase todos tenham entre 13% e 15%) e amadurecer pelo menos 2  anos em madeira. Os Brunellos só podem sair ao mercado 5 anos depois da colheita. Para os que ostentam a qualificação "Riserva", este período mínimo aumenta para 6 anos.

ESTILO E ENVELHECIMENTO

O Brunello é um vinho de terno e gravata. Normalmente sério, encorpado e  complexo. Mesmo os mais simples chegam tranquilamente a seus 10 anos. Alguns dos melhores exemplares, de mais raça, podem viver bem por 20 ou 30 anos, em alguns casos até mais. Este tipo de vinho precisa ser colocado em um decanter ao menos uma hora antes de ser servido, para que o líquido respire e os aromas se mostrem, pelo mesmo motivo taças de tamanho grande são bem-vindas. Para acompanhá-los, o indicado são as carnes vermelhas com molhos intensos. Cogumelos e trufas são boas escolhas, assim como caças como javali.

SAFRAS

Todos os anos o Consorzio Brunello di Montalcino classifica a safra recém colhida com uma cotação de 1 a 5. Veja a cotação oficial das últimas 20 safras.

1997 5
1998 4
1999 4
2000 3

2001 4
2002 2
2003 4
2004 5
2005 4
2006 5
2007 5
2008 4

2009 4
2010 5
2011 4
2012 5

2013 4 (lançamento em 2018)

2014 4 (lançamento em 2019)

2015 5 (lançamento em 2020)

2016 5 (lançamento em 2021)

Veja a matéria que fiz em minha ultima visita a Montalcino, avaliando a safra mais recente, 2012 - XXXXXXXXXX

Marcelo Copello

Marcelo Copello


Marcelo Copello é um dos principais formadores de opinião da indústria do vinho no Brasil, com expressiva carreira internacional. Eleito “O MAIS INFLUENTE JORNALISTA DE VINHOS DO BRASIL” pela revista Meininger´s Wine Business International, e “Personalidade do Vinho” 2011 e 2013 pelo site Enoeventos.

Curador do RIO WINE AND FOOD FESTIVAL, e Publisher do Anuário Vinhos do Brasil, colaborador de diversos veículos de imprensa, colunista da revista Veja Rio online. Professor da FGV, apresentador de rádio e TV, jurado em concursos internacionais de vinho, como o International Wine Challenge (Londres). Copello tem 6 livros publicados, em português, espanhol e inglês, vencedor do prêmio Gourmand World Cookbook Award 2009 em Paris e indicado ao prêmio Jabuti.

Especialista no mercado e nos negócios do vinhos, fazendo palestras no Brasil e no exterior, em eventos como a London Wine Fair (Londres). Copello é hoje um dos palestrantes mais requisitados. Para saber mais sobre as palestras e serviços de Copello clique AQUI

  

Contato: contato@marcelocopello.com